O nosso abacaxi de todo dia (Ananas Comosus), em Portugal é mais conhecido como ananás. Porém, nosso assunto de hoje é o Ananás de São Miguel dos Açores, uma fruta única em vários aspectos. Mas, para ter certeza que você está provando o Ananás de São Miguel dos Açores verdadeiro, vamos contar algumas histórias.
A literatura fala dele como o rei dos frutos e a ciência descobriu uma quantidade de bromelina, a desejada enzima que ajuda a digestão e a queimar gorduras – bem maior do que a que tem o seu rival abacaxi.
A cultura do Ananás foi introduzida em meados do século XIX em São Miguel, e como tudo neste arquipélago, adquiriu um modo bem incomum de se desenvolver, demorando cerca de 2 anos desde a plantação até à colheita do fruto, cujas qualidades de aroma e sabor são consideradas únicas.
O Ananás (Ananassa Sativus Lindl), ou seja, uma variedade distinta das mais comuns, é cultivado em estufas de vidro na ilha e é originário da América Central. Chegou no arquipélago português como planta ornamental em meados do século XIX, tornando-se um produto comercial a partir da década de 60.

Em 2013, oMcDonald´s lançou um sundae edição especial com a badalada frutinha.
A primeira particularidade é que as frutas são plantadas em estufas. Estas estufas possuem janelas que servem para regular a temperatura e o arejamento dentro delas. A primeira fase da cultura começa num estufim (uma estufa menor) onde se plantam as tocas, os bolbos escolhidos das plantas que já deram frutos.


Depois de 1 mês, despontam os brolhos que serão transplantados nas estufas onde serão cuidados com temperatura e humidade controlada durante mais uns 4 meses. Aí vem o diferencial: o processo chamado fumo. Este processo meio que descoberto ao acaso, consiste numa intoxicação da planta, que obriga a todas a florescerem ao mesmo tempo, permitindo uma colheita mais homogênea. No fim do dia, queimam-se aparas e verduras de modo a produzir um espesso fumo que invade a estufa. No dia seguintes, as janelas são abertas para permitirem o arejamento. Esta operação dura cerca de 8 dias, conforme a estação do ano.


O mais interessante é como o processo foi descoberto ao acaso. Como a plantinha chegou aos Açores como uma variedade ornamental e acabou nas salas dos grandes proprietários de terras do local que gostavam muito de apreciar um charuto com o vinho vindo do Porto. Aos poucos, observaram que a planta reagia diferente quando exposta à fumaça destes charutos e criaram, naturalmente, uma variedade de abacaxi DOP, que custa entre entre 5 a 6 vezes o que custa o abacaxi normal e é o queridinho de muitos gourmets pelo mundo. Mas não se deixe enganar, busque o selo DOP e certifique-se do que compra, porque mesmo em Portugal continental você corre o risco de levar gato por lebre.
Muito bom